O IRRA esteve ausente durante uns dias no gozo de umas merecidas férias. Para todos os que não tomam os comprimidos contra a degeneração memorial das células gravadoras da função pirolitóidal, mais conhecida popularmente entre a massa anónima que todos os dias de manhã se dirigem aos empregos como "zombies" encaixotados nos transportes públicos ou isolados nos carros privados em bichas (sim, meus caros camaradas empenhadamente revolucionários, uma bicha, sem contar com o casal de vizinhos do 5ºA ou o travesti que se mudou recentemente para o 2ºB, é formada, neste caso, por automóveis uns atrás dos outros; uma fila seriam os mesmos automóveis lado a lado; por isso lá por no Brasil as bichas serem bichas e não filas não quer dizer que em Portugal as filas sejam filas e não bichas em vez de filas. Perceberam ou é preciso queimar de vez esse demoníaco Acordo Ortográfico, onde um acto sexual não tem "c" e toda a gente sabe que um ato sexual sem a terceira letra a contar do "a" no sulista, soalheiro e deficitário alfabeto latino é completamente destituído do picante e fanfarrão pirilau masculino com o dito "c" ou da acolhedora grutinha feminina também ela com um "c" labial a enfeitar a fachada do aquecimento central interior e mesmo a também muito usada entrada de serviço das traseiras do vulgus traseiro não dispensa o indispensável "c" tal como o grão com mão de vaca necessita óbvia e culinariamente do dito grão e da mão da bovina assim como o noivo pega na mão da noiva, e vice-versa, quando trocam de alianças e juram hipocritamente como os médicos ao Hipócrates deles fidelidade para toda a vida apesar da "rodagem" anterior de ambos ter dado mais ou menos voltas ao conta-quilómetros e um já andar enrolado com a secretária ou com a escriturária fogosa de 2ª classe lá da repartição e o outro aproveitar as consultas de psiquiatria para se deitar lascivamente no divã freudiano inventado pelo malandreco Indiana Jones das mentes com o mesmo nome e explicar mais com o corpo do que com a alma ao discípulo do Freud das taradas por sofás a razão porque passou dois anos de insónias a contar carneiros até o canalizador a desentupir daqueles tormentos?
Se já não se lembram da utilidade do ponto de interrogação do parágrafo anterior, é muito provável que essas cabeças a transbordar de telenovelas, futeboladas distorcidas por juízes autocráticos de apito na boca tão ferozmente senhores do seu nariz como os seus colegas que assinalam à martelada nos tribunais "penaltys" contra os pilha-galinhas mas nunca exibem o amarelo e muito menos o vermelho aos corruptos que infestam a sociedade como uma praga de proporções bíblicas, comentários económicos, cenários apocalípticos do Medina Carreira contra-comentadas por comentadores que comentam os comentários comentados por opinadores de opinião contrária às opiniões opinadas, de notícias aterradoras sobre a crise que leva o pessoal a consumir inutilidades para se sentirem úteis no combate à crise e cansadas de papaguearem ao telemóvel desperdícios comunicacionais como "estou a chegar" ou "podes-me abrir a porta", também já só tenham uma vaga ideia de que o IRRA é o grupo mais subversivo, clandestino, irrequieto, imaginativo e incómodo para o "sistema" sistematicamente corrupto que corrompe o corrompido Estado português até ao tutano.
Os três inimigos públicos nº 1, 2 e 3 do pantanoso, viscoso e enlameado "status" republicano lusitano, Al Trokas, o sr. Santos e o sr. Costa, aproveitaram a acalmia das acampadas, manifestações, protestos, revoluções, convulsões, associações, atentados, bactérias e.coli, bombardeamentos, congelamentos, abaixo-assinados, acima-assinados, imolações, e demais formas e contra-reforma de luta e resistência anti-qualquer-coisa possível e imaginária para recarregarem as insaciáveis baterias activistas nesta cruzada contra a autocracia democrática travestida de ditadura eleitoral maquilhada de regime parlamentar com um "lifting" presidencialista e maquiavélica manipulação partidária.
Al Trokas aproveitou a ausência da Jeitosa, a mais-que-tudo dele que não quer ninguém, como lhe jurou a pés juntos à sombra da palmeira ornamental fronteiriça ao Lote 69, ao que ele, com uma lata que já data dos tempos da catequese quando fazia olhinhos à Isabelinha atrás da imagem de Santa Teresa na semi-escuridão colorida pelos vitrais da Igreja das Mercês, lhe respondeu, qual romeiro de um auto de Gil Vicente, "eu sou o teu ninguém, querida", ao que ela lhe virou as costas sem acreditar numa única palavra do veterano revoltado apaixonado e meteu-se no carro sem sequer lhe dirigir um adeus com a delicada mãozinha que Al Trokas já lhe prometeu pedir à mãe, irmã e demais familiares.
Desculpem lá, caros leitores, mas aqui tenho de abrir um parêntesis [Querida Jeitosa, se deitares os teus belos olhinhos irrequietos, irreverentes e carinhosos quando estás distraída aqui pela saga do IRRA durante as férias juro perante as testemunhas de todo o mundo que nos seguem, que te amo como nunca amei ninguém nos últimos...deixa cá ver...(longa pausa)...bom, não interessam os anos, os meses, as semanas, os dias, as horas, os minutos ou os segundo...amo-te mesmo e pronto]. O parêntesis está fechado e siga para bingo não, é uma expressão muito banal, em frente também não, isto não é uma carga de cavalaria, "Alea Jacta Est", está bem, serve, dá sempre um toque de classe intelectual incluir uma expressão que poucos percebem numa prosa que ninguém entende....Se quiserem saber o seu significado vão à Wikipédia, o "pai dos burros" da geração informática como o Dicionário da Porto-Editora era o "avô dos burros" da minha geração...
Al Trokas acabou por fazer férias cá dentro. Não para agradar ao chefe Cavaco Silva, porque, como todos sabem, o fundador do IRRA está 24 horas diárias, incluindo feriados e dias santos, contra tudo e contra todos...Tão dentro, tão dentro, que nem saiu de casa. O destino tem destas coisas seja-se ou não um empedernido elemento megamente subversivo. Acontece a todos.
Quando entrou no átrio arejado e fresco do Lote 69, bufando e praguejando contra o calor, deparou-se a Al Trokas uma cena que lhe mudou as férias para sempre. Para sempre mas só as férias. A vizinha do 4º D, uma mulher tão longe da adolescência como dos 30 anos, sinuosamente esguia e onduladamente loira, chorava copiosamente à porta do elevador do rés-do-chão. Ela e Al Trokas nunca tinham trocado uma única palavra até então a não ser "boa noite" por duas ou três ocasiões. O coração de pedra basáltica como a expelida pelo vulcão Krakatoa do clandestino incondicional e eterno refilão anti-sistema metamorfoseou-se em algodão doce como o da antiga e saudosa Feira Popular, onde ele, depois de beber uns copos nas farras orgiásticas-romanóides dos dias de folga que festejava habitualmente como poucos se divertem na passagem do ano, tinha a mania de fazer a montanha-russa em pé no carro sobe-e-desce, de braços abertos, confiando na gravidade do gajo das maçãs de que já lhes falei. O elevador chegou e...
(amanhã há mais...)